Por décadas, quem passava cedo ali na rua General Piragibe, para as bandas da Parquelândia, tinha o costume de ver a moçada num uniforme marrom indo sonolenta para o colégio Júlia Jorge. Foram quarenta anos de história até a escola encerrar suas atividades em 2007. Agora, o prédio vai ser demolido para dar lugar a um condomínio residencial, segundo informações do Blog do Eliomar (blog.opovo.com.br/blogdoelimar).
Em plena Ditadura Militar, mais precisamente em 24 de junho de 1967, o Centro Educacional Júlia Jorge abriu as portas. “A gente que morava por ali na Parquelândia, São Gerardo, Monte Castelo e não tinha dinheiro para estudar nas grandes escolas da época, ia para o Júlia Jorge”, conta o ex-aluno e ex-professor do lugar, o maestro Gladson Carvalho.
Ele estudou lá de 1977 a 1980, voltou como professor e maestro da banda da escola em 1997 e, no ano seguinte, criou a Orquestra Filarmônica do Ceará. “Foi com os alunos do Júlia Jorge que começou a história. Lá, também estudaram muitos outros que fizeram história: Falcão, Waldonys. O fim do colégio foi uma grande perda.
Inadimplência
O colégio Júlia Jorge era uma das escolas do Centro Educacional Cenecista Corrêa Araújo (Cnec), instituição que tem unidades no Ceará, Maranhão e Piauí. Segundo assessor do coordenadoria regional do Cnec-CE, a desativação do Júlia Jorge se deveu a “altíssimas taxas de inadimplência”. O déficit em três anos somou quase R$ 1 milhão.
“Depois, houve a tentativa de instituir no local a Faculdade Cenecista do Ceará. Mas não deu certo”, afirma. Recentemente, o terreno foi vendido para a Harmony Empreendimentos Imobiliários. Um condomínio residencial de quatro torres deve ser erguido no local que um dia abrigou os sonhos juvenis de muita gente.
O POVO tentou contato com a construtora Harmony, mas a secretária informou que a única pessoa que poderia dar informações sobre o empreendimento estava em viagem ao exterior.
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